domingo, 11 de março de 2007

Guatemala 11/03

Hoje acordei às 4 horas da manhã. Pretendia, na verdade, acordar às 5, mas meu relógio estava uma hora adiantado não sei por que cargas d’água. Correndo, pus todas as minhas tralhas nos respectivos compartimentos e, no escuro mesmo, amarrei tudo na moto e me pus a pilotar. Entre o hotel e a entrada do parque são 17 Km de um asfalto perfeito e uma paisagem muito bonita. As árvores quase se fecham sobre o asfalto e, por isso, vou com muita calma, paciência e baixa velocidade por causa da quantidade de animais; desde cervos e quatis até cobras, onças, etc e tal. E, depois da experiência do urubu, em plena luz do dia, não quis me apressar. A noite estava negra e os barulhos da mata conseguiam se fazer vivos, mesmo com o barulho do motor e do capacete. Avistei um “Possum”, um tipo de gambazão, bem no meio da pista. Porém, logo tomou seu caminho ao me ver aproximar.
Pensei muito sobre a experiência pela qual passava e pensei que a pessoa com quem mais gostaria de estar dividindo tudo isso, essa aventura toda, é meu irmão Ivan. Acho que ia se divertir e abrir-se pro mundo como nenhuma outra pessoa. Numa aventura dessa, aprende-se muito em termos de habilidades sociais e de comunicação, sem contar que o contato com a natureza é abrangente e cru. Saudade de ti, Brother!

Adendo - Essa colocação do meu irmão (Bruno) eu não entendi direito. Se tem uma pessoa que sempre teve contato com a Natureza e o mato desde pequeno, sou eu. Na verdade, eu queria que o mundo fosse uma floresta interminável... Mas valeu.

Essa minha viajem estava marcada inicialmente para o dia primeiro de outubro, mas por motivos maiores, que não merecem ser mencionados, tive que adiar até o dia primeiro de março. Em novembro, iria me encontrar com meu amigo Joacir, aqui mesmo na Guatemala, pois, meus planos eram de ir até a costa Oeste , passando por alguns parques nacionais. Anyway... acabou que o Joacir viajou sozinho e numa velocidade incrível (Joça, seu louco!) porque tinha data marcada pra chegar ao Brasil. Estávamos sempre a bater papo no MSN e estava sempre a reclamar da solidão, dizia que ir sozinho era foda, que não faria de novo etc e tal… Vou ter que discordar do meu camarada, faria dez, mil vezes mais, faria isso o resto de minha vida. É precioso o tempo que se passa só com seus pensamentos, mas, ao mesmo tempo nunca me senti tão parte de algo maior, tão integrado ao mundo ao meu redor, acabando com todos os sentimentos que de uma certa forma podem te deixar “down”, como a saudade, o medo e a insegurança. Eles desaparecem trazendo uma paz muito grande.
O número de pessoas com quem me comunico é surreal, bem como o tanto de “obrigados”, “bom dias,”, “boa tardes” e “boa noites” que se escuta e que se diz. Os sorrisos inúmeros que se vêem (em sua grande parte longe de perfeitos... fisicamente) trazem consigo uma sinceridade e um certo tom de gratidão… não sei nem explicar.
















Antes de ir adiante, vou fazer a apresentação formal dos meus novos amigos. Essa turma é gente boa! São todos guatemaltecos e todos vivem na cidade da Guatemala. O Hugo possui três lojas autorizadas da Suzuki, sua esposa, a Mônica, trabalha com computação. O Mario possui negócios na área de fertilizantes e sua noiva chama-se Vera. Trabalha também, esqueci em quê. Rodolpho tem negócios na área de Cana de Açúcar e o Arturo é advogado.

Amanhecer em Flores

Chegando a Flores, o sol nascente fez a travessia da ponte tornando-a ainda mais bonita. Quando cheguei ao hotel, o Hugo estava lavando sua moto, aguardando todos acordarem. Foi só então que descobri que estava “una hora temprano”.




Já tomei um café da manha num restaurantezinho super charmoso em frente ao hotel e logo logo estávamos na estrada. Havia neblina, mas nada demais. Após uns 30 minutos de viagem, chegamos à serra. Muito linda, novamente me lembrei do sul de Minas!
Fiz sinal pra que todos parassem e conectei a câmera do capacete e fui filmando. É certo que ainda não faço a mínima idéia de como passar os vídeos do cartão de memória pro computador, mas tudo bem!!! Esse é meu próximo projeto, que espero cumprir antes que se acabem os 4GB de memória que tenho disponíveis. O cheiro de terra molhada e o cheiro de fazenda me trouxeram lembranças boas e me diverti pacas.
Andávamos rápido e duas horas depois alcançamos “RIO DULCE” , um vilarejozinho de beira de estrada, bem fulerinho, às margens do rio. Mas, parece que é um lugar onde os “burgueses” constroem seu ranchos e passeiam com seus barcos e lanchas. Três milhas após a ponte, foram entrando em um condomínio. Passamos pelos seguranças, que ficam sempre armados de escopeta, dirigimos até a entrada de uma casa que mais parecia a sede de um clube de campo, com um veleiro, uma lanchona e uma super lanchona. Não tava entendendo nada, só mais tarde é que tomei conhecimento de que a casa pertencia à família do Rodolfo. A casa tem 5 suítes, 2 cozinhas, 3 salas e vários closets que poderiam ser alugados como Studios, se estívéssemos em Boston. Detalhe: fica vazia o ano quase todo.
















Ter dinheiro é ter dinheiro
em qualquer lugar...

A empregada, Erlinda, nos aguardava fazendo peixes frescos, saladas etc e tal. Almoçamos e ficamos de papo até parte da turma seguir para Guatemala City.















Passei a tarde inteira morgando no sol, tomando uma, escutando MPB e revesando entre a Jacuzzi e a piscina. Ai que vontade de trabalhar!!!!!!!! Mais tarde lavei minha bichinha e as roupas!! UFA, já ia ter que começar a reciclar…hahaha!!!





















Reparem que a mesa é feita do corte do tronco de uma só árvore, polida na parte superior. No chute, arriscaria dizer que é algum tipo de Angelim das florestas tropicais.
Os pés são parte de alguma raiz.
















Agora de noite estava a fim de comer algo quente e fui ao vilarejo, onde encostei em uma biboquinha. Pedi uma vitamina de mamão com laranja e um sanduba. Enquanto eu aguardava a comida, as pessoas se aproximavam, falavam comigo um pouquinho e se iam, o ultimo que apareceu foi o OSCAR, um Guatemalteco, de mais de 1,80m, de pele clara e bem parrudo, que começou a me perguntar coisas sobre a moto. Detalhe: carregava na cintura, do lado esquerdo, uma 9mm cromada com pente estendido, e, do lado direito, oito (isso mesmo!) oito pentes de balas todos cromados. Até pensei em perguntar se era policial, inclusive porque se trajava melhor do que a grande maioria. Foi então que compreendi o quanto ingênua seria a pergunta. Ali ficamos uns 10 minutos naquela conversa de aranha até que minha comida ficasse pronta. Ele foi muito simpático o tempo todo e se ofereceu para ajudar com qualquer coisa que precisasse, durante minha estada em Rio Dulce. Em nenhum momento me senti ameaçado, mas, assim que peguei minha comida retornei a casa e aqui estou, sentado na rede, olhando esse céu lindo entre parágrafos!
O plano para amanha é de irmos a Livingstone, um vilarejozinho onde só se chega de lancha e, segundo infomações que recebi, é o único lugar de guatemaltecos mulatos e negros do país onde circulam europeus e americanos. O plano é para voltarmos na quinta-feira e de lá tocarmos pra Cidade da Guatemala onde vou me hospedar na casa do Arturo. No final de semana que vem, programamos ir a ANTIGUA e passar o final de semana; estou sempre ouvindo falar de lá, vamos ver. Provavelmente vou ficar lá ate o dia 29, quando o Mario, e o Arturo vão me acompanhar até a Costa Rica e, possivelmente, até o Panamá. O Mario tem assuntos de negócios e precisa ir de todo jeito.
Vou nanar, fui!!

Hasta la vista, baby...