terça-feira, 1 de maio de 2007

Dia 28 de abril a 1 de maio


Lhamas em Las Lajas,Colômbia

Bogotá, Colômbia 28 de Abril a 1 de Maio
AHHHHH, AMÉRICA DO SUL! Uma hora e 15 de vôo até Bogotá! Estou fisicamente a uns 500km da fronteira com o Brasil… deu até pra sentir o gostinho! Hehehe !! Achei hospedagem e saí a caminhar pra procurar um ranguinho. Bogotá é uma cidade grande e, como toda cidade grande, tem seus lado ruins e bons. Mas volto ao assunto mais tarde. Dia seguinte: aeroporto, papelada, anda pra cá, anda pra lá, 11 da matina tava com a moto liberada. Foram todos muito cordiais; alfândega e todos de quem precisei. E, invariavelmente, falavam do Carnaval do Rio e das mulheres! Pó, mulherada, quem mandou serem tão bonitas? E eu tenho que escutar todos os malucos aqui falarem de vocês….. não guento mais!!! Ah, e por falar em mulher bonita, aqui tem sim!! Uma mudança radical da América Central! Ainda não se comparam às do Brasil, mas já é uma melhora incrível! (Observação machista ou mulherenga na visão de alguns, mas, não liga não…é só uma observação do ponto de vista de um homem do sexo masculino, como já dizia o pessoal do Casseta e Planeta).


Levei a bichinha pra lavar…tinha terra até no……. ! Nem te conto, paguei a bagatela de US$ 3,50 e o rapaz que tava lavando, funcionário do “LAVADOR” (como dizem aqui), ficou tão entusiasmado com a moto que ficou ali por mais de hora limpando tudinho. E eu, querendo vazar, tentava gentilmente fazer ele parar, mas ele não arredava o pé! Mal sabia ele que no dia seguinte ela ia estar imunda dinovo!! Nesse ínterim, já tinha conversado com uns quatro ou cinco que se aproximaram e – todos - me perguntaram quanto custava a moto e quanto corria! E, logo depois, falavam da mulherada aí do Brasil! Vou mandar fazer um cartãozinho dizendo: “Nao sei quanto custa, é da empresa! (ah..pra todos efeitos estou aqui a trabalho, escrevendo uma história; foi o único jeito que consegui para me desviar das perguntas indiscretas sobre dinheiro. É que estão sempre perguntando por aqui, tentando transformar tudo em PESOS COLOMBIANOS.) “ A moto corre a mais de 220” “ Sim, as mulheres no Brasil são bonitas sim”; Eu ia economizar um monte de saliva! Aí resolvi perguntar o que fazer e aonde ir de noite.


Todos me mandaram para a ZONA ROSA, que é a parte mais nobre da cidade e mais recomendada a estrangeiros. Também me recomendaram ir de táxi, porque era um pouquinho longe e a noite era mais perigoso. Mas eu, na minha vontade de estar sempre testando tudo, resolvi me aventurar em Bogotá, à noite, sozinho! Lá me fui, e achei o caminho, tranqüilamente (na ida...) Cheguei à Zona Rosa, uma vizinhança ótima, parei a moto num estacionamentinho e fui aonde a muvuca estava. MANEIRÍSSIMO! Centenas e centenas de jovens e adultos reunidos em uma área de uns quatro quarteirões, fechados ao tráfego , cheio de bares , cafés e restaurantes de altíssimo nível, com muita gente bonita, mas muita gente mesmo! E não dá pra contar o número de opções que se tem aqui, valeu a pena! Comida boa, fiquei de papo com umas meninas que faziam uma promoção da DUCATI; estavam sorteando seis Duacti Monsters (pra quem não sabe, é uma moto maneiríssima!) Elas me viram com o capacete e jaqueta e me pegaram de papo. Ahhh, havia esquecido: Bogotá é frio!!! Retornando ao estacionamento começa a chover!!! Dinovo! Tem chovido todos os dias desde que cheguei ao Panamá! Fiquei conversando com os dois caras do estacionamento, esperando diminuir por quase hora e meia… tava caindo o céu! Via só a galera saindo e pagando maior grana pelo estacionamento… bem caro! E eu tentava ir embora e os camaradas não deixavam por causa da chuva, e que eu não precisava me preocupar com o estacionamento, que eles iam tomar conta de tudo. A chuva havia diminuído, mas ainda chovia quando saí e me perdi por quase meia hora. Passei por uns lugarezinhos meio “suspechosos”, mas acabei achando o caminho de volta pro hotel. Estou “craque” em localização! Já rodei Panamá City e Bogotá, tranqüilo, tranqüilo, de noite e na chuva! O resto é fichinha!! Dia seguinte, saio a caminho de Cali e, quando no meio daquela confusão de tráfego, achei meu caminho, resolvi parar pra tomar um cafezinho em um posto PETROBRÁS. Por sinal, existem vários aqui em Bogotá. Me fui… e que viagem!







Meu pai já teve um Corcel I vermelho, por sinal...






























Colômbia é LINDA!!!! Montanha e verde que não acabam mais, as estradas são boas e é o paraíso pra qualquer um que gosta de pilotar (como eu). Para ir de Bogotá a Cali é longe, mas, as montanhas e as curvas fazem parecer mais longe. É muito desgastante, apesar de todo o divertimento e das paisagens novas. Subi e desci a serra umas seis ou sete vezes até alcançar o outro lado para pegar a estrada que leva a Cali. As temperaturas passavam de quente a muito frias, partes de neblina e chuva também! Quanto à segurança, vocês me perguntam? Digo a vocês que é muito mais tranqüilo do que todos pintam; aqui tem MUIIIIIITTOOOO, MAS MUITO policial civil e do exército. Nas estradas se encontram vários postos e barreiras, não dá nem pra contar, mas, fui parado uma só vez, por um grupo do exército cujo componente mais velho deveria ter seus 24 anos de idade! Todos armados de metralhadoras e pistolas, foram muito simpáticos e me fizeram um monte de perguntas curiosas inclusive as acima já mencionadas! Batata… é toda vez!

Cheguei a Cali debaixo de chuva (muita chuva mesmo!) e tomei rumo ao centro da cidade, mas como a visibilidade não estava boa e eu estava cansadaço, resolvi parar em um posto de gasolina pra comer algo. E lá, fugindo da chuva, havia um grupo de rapazes e senhores que tomavam cerveja e jogavam conversa fora. Um deles era estudante de jornalismo e me deu umas dicas de onde ir pra não me meter em enrascada. Também me informou que, se eu precisasse comprar roupa, aqui seria um bom lugar, devido à grande quantidade de indústrias de confecção. Então me dirigi à Avenida Sexta e lá achei um hotelzinho tranqüilo. Saí pra dar uma caminhada, a cidade é bonita sim, pelo menos nessa parte, cheia de lugares simpáticos e meio que mesclados com as bibocas que estão em todo lugar, aqui na Colômbia.




















Estava ficando tarde, comprei algo pra comer e retornei rapidinho, pois já haviam se aproximados meia dúzia de malucos pedindo dinheiro e não-sei-mais-o- quê, não dei muita bola e me fui. Acordei e pé na estrada...

A primeira parte da viagem foi calma, sem muito morro e com estradas excelentes. O dia estava bonito e a paisagem ainda mais. Ao chegar à região de Santander, a uns 60 km do ponto de partida, começa a serra outra vez. Esfria, neblina, chuva... depois sol, esquenta, neblina, chuva e assim me fui até chegar a uma baixada a mais ou menos uns 100 km da cidade de PASTO, onde resolvi parar pra tomar algo. Cheguei a uma vendinha/botequinho na estrada onde uma senhora me diz que suas bebidas estavam todas quentes….Putz, quem me conhece sabe que não tolero nada que não esteja ou bem frio, ou bem quente, nada de morno pra mim. Ao fundo, ouvia-se uma música bem alta pra lá me dirigi. Havia um camarada sentado e uma menina no seu colo, outra deitada na rede e outra sentada ao lado. O camarada ficava só falando: “Que piensas de esa? Guapa? Esa otra e flaquita, esa otra mas gordita, te gusta? Te gusta?” Eu fiquei meio sem jeito mas, desconversei. Todos, muito simpáticos, conversavam comigo, enquanto eu tomava uma Coke. Só que aí saiu mais uma menina, mais outra, a que estava no colo se levantou, sentou-se outra, aumentaram mais a música, cantaram… e eu estava a pensar: “Mas que diacho de buteco é esse? Inocente eu, né? Prestava atenção a uns animais empalhados, pendurados na parede, mas não percebi as pinturas abaixo, feitas a mão, onde um coração todo torto continha as palavras: “SEXO e RUMBA” ….. tum tum tum… Bateu, caiu a ficha! Fiquei ainda uns minutinhos só observando as meninas que não pareciam ter mais de 22 aninhos. Uma até achei que era filha dele, a que estava primeiramente sentada em seu colo. Paguei e me fui!

Cheguei a PASTO, uma cidade charmosinha, cheia de construções coloniais misturadas com prédios modernos, lojas de carros entre outras. Sabia que era a última chance que teria de sacar algum dinheiro em caixa eletrônico. A cidade era uma graça, cheia de gente andando pra lá e pra cá. Ao chegar à praça central, encosto e pergunto a dois policiais que mandavam a galera estacionada em frente da praça debandar, onde poderia encostar a moto porque precisava ir ao banco, e ele me disse: “Aqui mesmo, só não demore muito”. Assim que parei, já juntaram uns 15 curiosos e ficaram olhando, olhando e olhando. Fui rapidinho ao “Cajero” e, enquanto esperava na fila, uma senhora se aproxima e diz pra eu tomar cuidado com a moto, mas não vi nenhum tipo suspeito lá fora, somente pessoas que não estavam acostumados com um visitante tão ilustre..hehehe!

O destino final era a cidadela de IPIALES, a uns 5 km da fronteira com o Equador. Os 89 km que separavam Pasto de Ipiales foram um prazer; curvas e mais curvas, montanhas e mais montanhas.

Parece Minas

















Ao anoitecer, cheguei a Ipiales, onde achei um hotelzinho chamado Bella Noche e, pela bagatela de US$7,50, quedei-me ali mesmo. Era um quartinho ajeitado, com TV, banho quente e uma cama ótima com quatro cobertores ótimos e pesados. Ipiales é frio de verdade, me lembrou São Tiago em julho (quando ainda costumava fazer frio). Choveu quase a noite toda e, embalado pelo som da chuva e por um friozinho gostoso, tive uma das melhores noites de sono dessa viagem toda. Amanheci cedo e o tempo não estava muito bonito, não sabia se tocava ou se ficava mais um dia. Mas, o que fazer? Uma funcionária do hotel me disse pra visitar Las Lajas, uma vila a uns 12 km de Ipiales que é uma espécie de Aparecida do Norte deles aqui. Não estava muito a fim de pilotar na chuva e no frio, então resolvi tirar esse tempo pra ir a Las Lajas e pôr meus diários em dia. Que ótima decisão foi essa!!! Fui a Las Laja conhecer o Templo da Virgem; que lindo e grandioso! Valeu a pena!


Parece alguma coisa européia.





















O caminho é lindo; cheiro de fazenda, montanhas e casebres que me lembraram partes do sul de Minas. Ao chegar à vila, estacionei e comecei a caminhar em direção ao templo e, passando pelo meio de um montão de barraquinhas de artigos religiosos, de indígenas vendendo bugingangas,




me deparei com uma imagem inédita. Alguém em Bogotá já havia me dito que por aqui eles comiam “cui”, que é uma espécie de preá ou cotia… sei lá, pra mim pareceu mais um RATÃO! Vejam as fotos e se alguém souber o que é isso me diga.


Calma! Eu comi foi isso aqui.




















Aqui não é Bahia, mas, tem lá a sua pimenta.

A descida ao Templo foi muito interessante, milhares de placas chumbadas às paredes com agradecimentos por graças recebidas da Virgem de Las Lajas; jovens, adultos, senhores e senhoras idosos se apressavam pra chegar a tempo à missa que estava por começar. Logo na entrada do templo havia uma placa muito interessante com recomendações para quem fosse participar, achei curioso e muito engraçado. Leiam e divirtam-se.



























Na volta passei pelo centro de IPIALES para tirar umas fotos e,





















enquanto estava eu lá na praça central, estaciona esse carro com três camaradas que começam a falar comigo. Quando descobriram que eu era do Brasil, o rapaz no banco do passageiro começa a falar comigo em português... Assustei-me assustei até que soube que ele era colombiano mas, já tinha morado por um ano em PIRASSUNUNGA… Pode uma coisa dessas? Já esteve em Araraquara e Ribeirão Preto! Disse a ele que não estava conseguindo sacar dinheiro no Caixa Eletrônico, então me respondeu: “Não se preocupe, a gente dá um jeitiiinnho!!” Hahaha, me informou de outro cajero e lá, sim, consegui. Valeu, brother!!


Então, retornei ao hotel para poder escrever e arrumar as fotos. Hoje é dia de dormir cedo porque amanhã, faça chuva ou faça sol, estou indo para o Equador! Fuiiiii!!!
Ah! Fato interessante: aqui na Colômbia, os semáforos amarelam antes de fechar e também antes de abrir! Isso mesmo. Todas as vezes que estive parado em semáforos, assim que amarelam, já tem gente buzinando como se estivessem verdes, sem exceção, todas as vezes. (Bruno também e informação pública!)