sexta-feira, 27 de abril de 2007

Dia 24 a 27 de abril

Fronteira "Sixaola"

Dia 24 de abril, saída de Puerto Viejo.

Como minhas malas estavam prontas, foi fácil montar tudo na moto na terça pela manhã e, após pegar informações sobre o caminho, às 8:30h me fui. O que se passou nessa trajetória do Panama foi o seguinte: minha gordinha me dizia que tinha combustível suficiente pra 80 milhas, mas, pra pegar a estrada principal até a fronteira, eu teria que retornar uns 30km e andar, em direção ao sul, mais uns 40 ou 50 km. Entretanto, se eu tomasse uma estrada alternativa, seriam somente uns 40 km. ADIVINHA? ALTERNATIVO É COMIGO MESMO!
Peguei umas informações mais ou menos e tomei rumo ao sul em direção a MANZANILLO. Só que, antes de chegar lá, teria que tomar uma estradinha que se chama MARGARITA ROAD. Mas, era tão pequenina a entrada e no meio de umas casas que passei por ela sem ver. Somente a alguns uns quilômetros depois foi que me dei conta de que já tinha andado demais. Aí, retorno eu; pergunta de cá, pergunta de lá e, finalmente, achei essa estradinha estreitérrima, cheia de cascalho pelo meio da mata. Coisa mais linda! Até que em um ponto eu me deparei com uma árvore gigaaaaaannnnnte! Tive que parar pra tirar uma fotinho, o carro e minha moto que estão na foto parecem miniatura!

Doze quilômetros depois, encontro a estrada principal e toquei de leve pois, a estrada passava de boa a horrorosa em questão de segundos. O dia estava lindo e nem liguei. Mais uns trinta quilômetros e chego à fronteira. Estava um pouco ansioso pra ver como minha experiência nessa fronteira seria... sempre fico. Essa se chama SIXAOLA, e já vou adiantando, foi a mais tranqüila pela qual já passei. Assim também dizia o guia do LONELY PLANET; que essa fronteira era uma ótima opção para quem procurava uma travessia mais tranqüila devido ao baixo fluxo de pessoas.
Do lado da Costa Rica, entreguei a papelada e me cancelaram a permissão da moto e carimbaram meu passaporte. Os dois policiais da fronteira me pegaram de papo e depois de fotos com a moto e perguntas variadas, me mandaram seguir por uma ponte estreitíssima, toda em tábuas de madeira, não muito bem encaixadas por sinal.
Tive que atravessar meio que com os pés arrastando porque, se saísse da linha, estava fudido! Especialmente porque não havia grade de segurança ao lado e o tombo era de mais ou menos uns 30 metros. DESPACIO, DESPACIO, devagarinho, atravessei. Chegando ao lado do Panamá, estacionei a moto do lado de uma casinha onde uns três agentes que já chegaram cheios de curiosidade e me assistiram com tudo que eu precisava. Aliás, eu necessitei de algumas copias de documentos que eu já possuía, mas que estavam perdidas em algum lugar dentro de minha bagagem. E desmontar tudo não me pareceu uma opção plausível. Então, perguntei onde se faziam cópias e um dos senhores se ofereceu pra me acompanhar a um mercadinho mais adiante. Quando fui pegar meu capacete que se encontrava na bancada da guarita, ele me disse: “Pode deixar aí, ninguém vai tocar não, nós somos da aduana!” A idéia de ter meu capacete lindinho roubado não me agradava muito, mas, em um voto de confiança deixei e o encontrei no mesmo lugar. Estranhei não haver um monte de gente querendo cambiar moeda e, antes de fazer as cópias, perguntei a ele onde trocava meu dinheiro pela moeda local. Foi então que acabei descobrindo que a moeda do Panamá também é o dólar americano. Na verdade, as notas são de dólar e as moedas são “BALBOA” , o nome da moeda nacional, que tem o mesmo valor do dólar, porém com tamanho e cunhagem diferente.
Chegando ao mercadinho, (pra variar, de chineses...), comprei uma aguinha e fiz minhas cópias. Em 10 minutos tive todos os papéis em perfeita ordem, sem ter que pagar nenhum tostão e me fui. Ahhhhhh, que beleza as estradas! Eu pensei que, por estarmos tão longe de Panamá City, no lado do Caribe, eu ia encontrar umas estradinhas miseráveis como em TODA a Costa Rica, mas, NÃO! O asfalto era lindo e toquei em direção a PUERTO ALMIRANTE, o vilarejozinho onde tomaria a balsa para o arquipélago de BOCAS DEL TORO. Minha gordinha piscava no painel pedindo combustível, marcava 30 milhas até se acabar a gasolina. Meu mano Ivanzinho já teria tido um ataque do coração!! Ele é do tipo que, se a gasolina abaixa de meio tanque, já fica procurando posto de gasolina.. Hehehe, ia pirar se viajasse comigo! Até me lembrei de um episódio do SEINFELD em que o maluco do Kramer foi fazer um test drive e fez o vendedor entrar na sua loucura e adrenalina pra ver até onde eles conseguiam andar antes de o combustível acabar... Hahahaha!!
Bom, fui tocando, fui tocando e o computador de bordo só apitando, até que achei um posto de gasolina faltando somente 10 milhas para eu parar. Ufa! Ah! Vocês precisam ver o quanto o Panamá é verde... consegue ser mais verde que a Costa Rica! É LIIIIIINNNNNDDDDDOOOOO!

















E com a estrada boa, beirando o mar do caribe pelas montanhas, consegui aproveitar bastante a paisagem ao invés de ficar prestando atenção nos milhões de defeitos da estrada, como tinha que fazer no “buracão”, quero dizer, Costa Rica. PS: Bruno também é guia de turismo, então, um conselho pra todos: Vão à Costa Rica, se tiverem que passar por lá! Caso contrário, há outros paises na América Central que são tão bonitos quanto ela e muito mais baratos, com muito melhor infra- estrutura, menos poeira e com gente muito mais simpática e amável. Costa Rica é o pais mais desenvolvido da America Central? LADAINHA, de maneira nenhuma… até entrei numa discussão com um americaninho, surfista, que estava fazendo maior propaganda da Costa Rica pra um grupo de turistas australianos que acabavam de chegar. Quando pedi um único exemplo de qualquer parte da infra-estrutura pública que fosse melhor que da Guatemala, por exemplo, ele não conseguiu me dar! Quase todos os dias faltava luz, em muitos faltava água , as estradas são de ruim a péssimas, e tudo muito caro. Essa história de desenvolvimento é papo de AMERICANO que inflacionou o mercado imobiliário, vendendo propriedades que antes valiam 10 mil dólares que agora estão na casa dos 300 mil. (Info passada por um advogado que encontrei num restaurante). É bonito e tal, bem selvagem, mas não tem nada que não se encontre em vários outros lugares da América Central mesmo.
Voltando ao Panamá: cheguei a Puerto Almirante por volta das 11 da matina, e descobri que o Ferry pra Bocas tinha saído às 7 da manhã, e que - talvez - houvesse outro à 1:00 pm. Fui pedir informação na guarita e me disseram que “hoy no hay”, não existe um negócio fixo; às vezes tem, e às vezes não tem. Eu não ia esperar até o dia seguinte...












Então peguei a estrada em direção à cidade do Panamá. E que viagem agradável! Verde que não acabava mais, cheiro de mato, e uma estrada cheia de curvas e paisagens exuberantes: da costa oeste à leste, passei por dentro de quatro reservas florestais. Gostaria de ficar mais tempo, mas estava decidido a chegar à cidade do Panamá e tomar rumo à América do Sul.
Quase chegando ao lado do Pacífico, cruzei com dois malucos em bicicletas carregadas. Acenaram para mim e eu imediatamente freei e retornei, indo ao encontro deles. Era um casal de franceses, Christelle e Jeremie, que venderam tudo na Franca e estão dando a volta ao mundo de BICICLETA!


Programaram para dois anos a viagem inteira. Já estão há nove meses rodando, já passaram pela África e América do Sul (com exceção do Brasil). Daqui chegam aos EUA e de lá voam pra Austrália, Nova Zelândia, China, Mongólia etc e tal. Dêem uma olhadinha no site deles que tem todo o itinerário, diários e fotos também; só que ta tudo em francês. (Mari Mansur.. pra ti vai ser bico, né?) Check it out: http://www.lemondeavelos.com/ Isso sim é que é aventura.
Eles me disseram que estão loucos pra fazer todo o Brasil de bike, mas, como o país é muito grande, irão retornar à América do Sul exclusivamente pra rodar o Brasa! Me convidaram pra acompanhá-los e servir também de guia. Putz, eu ia adorar! Estendi o convite ao meu maninho, Samuhka, que adora andar de bike.
Lejos, largo, far away a tal Cidade do Panamá! E ainda o tempo fechou e a chuva começou a cair forteee!!! Rain Gear e me vou… 200km depois pára de chover e abre o maior sol! Parei na cidade de SANTIAGO. Mais uma que é da família e não sabia! Vocês nem acreditam o que comi: McDonaldssssss!!!! Depois, tiro Rain Gear e toco. A partir de Santiago a estrada vira dupla e toco o pau. Passei por um pedágio e logo depois um policial me parou pra averiguar tudo. Foi super simpático e me liberou rápido.












Mais próximo à Panamá City há uma série de praias, algumas particulares, em condomínios, e outras públicas… tava cansadaço e até pensei em achar um lugar e passar um dia na praia, só pra não dizer que não conheci nada no Panamá. Mas, mudei de idéia, fazia tempo que não andava e... putz, mano…. Time is running out! Cruzei o Canal na Puente de las Americas e uns 6km depois estava no centro da Cidade. Já era noite, mas, queria perguntar sobre o frete da moto para a Colômbia. Então, decidi ir ao terminal de carga do aeroporto, a uns 20k do centro. Queria saber tudinho que era pra adiantar. Fui à Copa Airlines que me informou que eles tinham um vôo semanal e que saía aquela noite. Putz…. Pensei, vou ter que passar uma semana aqui! Mas, felizmente, havia uma outra companhia que voava diariamente, a GIRAG, que estava fechada, e teria que retornar no dia seguinte.
Blá, blá , blá... retornei, achei um hotelzinho, e,14 horas depois de ter deixado Puerto Viejo de Talamanca, Costa Rica, fui recompensado com um bom banho quente e uma comidinha local. Ahhh, Panamá é bem baratinho… mas bem mesmo, em relação à Costa Rica.
Acordei de manhã, com a zoeira das buzinas, carros e ônibus. Por falar em ônibus, é bom saberem que todo o transporte público na América Central é feito por esses ônibus, que eles chamam de “chiken buses”, são sempre coloridos e com música Torando na maior altura. Mas, aqui no Panamá, eles levaram a pintura dos ônibus a um outro nível: o artístico!




























Eles competem entre si e os motores são todos turbinados e barulhentos. Então, resolvi retornar ao terminal de carga e lá conversei com a gerente de exportação. Ela falou:”Amanhã é quinta, não tenho espaco no voo, mas tenho pra sexta. Só me traga a moto aqui na sexta, antes das 10 da manhã, que ela sai daqui de noite e às 8 da manhã do dia seguinte você pode pegar ela em Bogotá.” Putz… rapidaço! Aí eu pergunto se tínhamos que fazer algum papel, uma reserva ou algo assim; e ela me olha e me diz: “La garantia soy yo!” Hahaha! A cidade do Panamá e muito maneira mesmo, pena que choveu todos os dias e não deu pra sair durante o dia pra tirar fotos.. I’m Sorry!! Cada chuva de arregaçar!




















Assim que retornei ao hotel peguei minha câmera, capacete e, quando pisei fora do quarto, explodem aqueles trovões que mais parecem bomba. E tome chuva! Só parou à noite, quando pequei minha Gordinha e fui a uma península, um bairro, da cidade. Maravilhoso! Bares, restaurantes, lojas, iates e mais iates. Lindo! Lembrou demais Fort Lauderdale! Mais tarde, um americano que conheci no lobby me disse que Panamá City é conhecida como Mini Miami! Concordo! Tem as parte ruins é lógico, mas, é cheia de avenidas e ruas bem arborizadas, prédios lindos em frente ao mar! Show!
Dia seguinte fui ao Porto de Balboa pra ver como seria mandar por navio… LONG STORY SHORT : era muito demorado e complicado! E tome chuva na cabeça! O tempo fecha em minutos e... tome água! Noite: ranguinho no Hard Rock Café, em frente ao mar. Depois, hotel e cama! Amanhecendo, fui logo cedo levar a moto porque meu vôo para Bogotá saía às 11:00 da manhã. Vapt Vupt, foram todos muito eficientes fazendo a papelada, pesando e tal e ainda me deram uma carona pro aeroporto que é longe pacas.

FUUUIIIII, ADEUS, AMÉRICA CENTRAL!