sábado, 31 de março de 2007

De 28 a 31 de março

Dia 28 de marco










San Miguel - El Salvador

Acordei com vontade de viajar, acabei não retornando para o norte do litoral de El Salvador e resolvi tocar em direção à Nicarágua. Tomei a carretera costeira e me fui. O sol tava pegando e o calor nem se fala!!! Passei por várias pequenas cidades e vilarejos onde me sentia um ET, e finalmente alcanço a fronteira com Honduras… A principio queria descer ate o litoral de Honduras pra conhecer pelo menos um lugar legal. Sei que a parte turística está no Atlântico, é um litoral como o de Belize, cercado por recifes e ilhas de tirar o fôlego, mas, tava longe pacas. Antes mesmo de chegar à fronteira, em uma “gasolineira” me aproxima um indivíduo e me diz que ia me ajudar a fazer os papéis daqui e permissos de lá. Eu não dei muita bola não porque de malandro o mundo ta cheio… só que não teve jeito de evitar a confusão.

Logo ao me aproximar da fronteira de El Salvador já vem um monte de gente querendo trocar dinheiro, querendo ganhar unzinho ajudando a fazer documentação. Recusei e logo dispensei todos, só que um, muito insistente, ficou por perto e me disse que na outra fronteira eu ia precisar de ajuda… ainda sim despachei o rapaz! Bom, ele foi lá, pra outra fronteira, e me aguardava, junto com um monte de outros indivíduos um tanto quanto suspeitos e mal encarados, que disputavam a atenção. Sem entrar em muitos detalhes, queria dizer que a experiência foi horrorosa! Em Honduras é tudo muito mais complicado (imagino que de propósito) e demorado. Acabei usando a ajuda do rapaz e dei a ele 15 doletas no final. O tempo todo de olho nas minhas coisas, muito embora já tivesse um rapazinho que havia se apoderado do espaço e espantado os outros 1000 que queriam tomar conta da moto.

Eu tive que passar nada mais, nada menos que em 7 lugares diferentes, pagando taxas diferentes etc e tal. Querem ver? Imigração: paguei 10 do visto; Aduana: 2 fotocópias de todos os documentos; depois banco: 30 dólares pelos documentos da moto e impostos; depois a permissão para a moto: mais 10 dólares a serem pagos em um outro escritório. Daí, retorno ao primeiro lugar com tudo que já tinha pago e fotocópias e eles me dão uma via pra pagar mais 5 dólares em outro lugar, além de ter que procurar um inspetor para averiguar o chassi da moto. Lá me vou seguindo o rapaz e só pagando... Finalmente achamos o Inspetor que tomava uma cerveja num buteco. Ele enrolou, enrolou até que o José, o chico que me ajudava, me pediu 5 dólares pra agilizar as coisas. Não agüentava mais, a temperatura provavelmente batia os 39 graus facilmente e eu com calça de pilotar estava a ponto de estrangular um! Lá vem o inspetor, olha os documentos, olha o chassi e, 5 segundos, depois, carimbou e assinou….. Ahhhhh, agora sim!!! Bom foi o que pensei... mandou-me tirar 3 cópias dos documentos carimbados, retornar à aduana, entregar dois, e guardar outro pra entregar mais à frente, na guarita final. Depois de estar puto, suado, e deixar quase 100 dólares na fronteira de Honduras entreguei o último papel, na última guarita que me checou os documentos todos e me mandou ir!! A mais uns 20 m - no máximo - dois policiais me param e pedem pra ver todos os documentos novamente! Só depois pude sair, quase 5 horas depois que havia chegado.

Vai tomar no Cuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu com todas as letras; um povinho mal encarado, mal educado e que te cerca todo o tempo querendo tirar algo, como se cada estrangeiro fosse caixa eletrônico. Nesse ponto concordo com o Joacir: se fossem dois, seria moleza; um faria a papelada e outro ficaria com as coisas. O número de pessoas que vem te pedir dinheiro… e inacreditável! Um lugar nojento de sujo! Estava tão puto que decidi não visitar lugar nenhum em Honduras, resolvi passar batido os 136km até a outra fronteira, o que levaria mais ou menos uma hora, se não fossem as 6 vezes em que fui parado por policiais, em barreiras nas estradas. Em cinco delas nem me pediram os documentos: viam a moto e queriam olhar, perguntar e até mesmo tirar fotos... dava pra se ver que eram todos simples e mal educados, mas, tinham uniforme e metralhadoras. Vou falar o quê?

Guardas em
Honduras (lugarzinho terrível)


Toquei a 140- 160km/h o tempo todo… tava nem aí, a estrada era boa e vazia.

Honduras é, de uma forma geral, um lixão, paupérrima, seca que não acaba mais. Passei por uma meia dúzia de pontes e todos os rios estavam secos, com exceção de um que, apesar das margens estarem a mais de 100 m do leito, só havia um “corguin”, como falamos lá em Minas. Não me arrependi, passei batido, cheguei à fronteira com a Nicarágua exatamente às 6 da tarde, já quase escuro. Muito mais tranqüilo, limpo e vazio.

Não parece aquelas rodoviárias velhas do interior?













Só havia duas pessoas na fronteira e lá toda a papelada era feita na mesma janelinha. Só que, quando eu entreguei a papelada pro senhor… (parece mentira!) apaga tudo, foi-se a luz! Todos foram pra fora e ficamos esperando a luz voltar. Nesse ponto, estava cansado e com fome (pra variar...). Trinta minutos depois, retorna a luz e o Tiozinho me senta na frente da máquina de escrever... Isso mesmo, aquelas de museu, e faz minha permissão!! É BRINCADEIRA? Perguntei a ele se não precisava do computador e ele disse que não, e que só não havia feito antes porque não conseguia enxergar….. PUTA MANO, eu tenho lanterna e o escambal! Ah, mas já estava mais tranqüilo e me fui.

A esse ponto a temperatura estava agradabilíssima e a noite maravilhosa! E, por isso, pelo fato da estrada estar em EEEEEXXCCCEEELENTE (como diz meu irmãozinho Weltinho) resolvi ir tocando. Parei numa biboquinha à beira da estrada onde havia uns três restaurantezinhos. Comi uma comidinha caseira, digna de Dona Iara (Claro que não tão boa quanto a dela...). Lá conheci a família: uma senhora que cuida do negócio da família, junto com um dos nove filhos que estão espalhados pelo mundo. Uma simpatia! Contaram que um casal de brasileiros havia ficado com eles por quase uma semana!! Hehehe, até aqui tem brasileiro se encostando. Matei a fome e me deram a informação sobre como chegar a GRANADA.


Granada










Uns 200 km depois, parei numa tenda de frutas, comi um cajuzinho e fiquei ali de papo, descobrindo mais coisas sobre a região. Cheguei a Granada quase 16 horas depois de minha partida, tava um prego. Achei um hotelzinho lindo e relativamente barato: tem Net, e Ar condicionado. Boa Noite! ZZZZZZZ!!


Dia 29

Convento
San
Francisco

































Aquele programinha básico: dei uma volta e tirei umas fotos, eitcha calor da p……, fiquei a rodar o dia todo. Agora à noite, fui à praça principal e acabei entrando na Catedral onde uma Missa acontecia. Fiquei ali sentado, só pensando e emanando boas energias… acho que essa é minha forma de orar, creio eu. O coral estava lindo e bem afinadinho! Foi Bom!!!






























As pessoas, só de bobeira na praça - parecia São Tiago - ninguém estressado e ninguém com pressa; crianças brincando e casais namorando! Conheci um grupo de guatemaltecos bem Hippies que ficaram conversando comigo por um tempão. Adoram Capoeira e fizeram um workshop aqui, com um professor brasileiro que andou ensinando Capoeira de Angola. Jogamos um pouquinho, só por brincadeira e depois fomos pra um barzinho! Um grupinho animado, mais ou menos umas 12 pessoas. Bebemos e demos risadas!
Voltei cedo porque amanhã cedo saio pra San Juan Del Sur, um point de Surf no Pacífico. Como sairia cedinho, então tinha que descansar mais!
Boa Noite.

Dia 30 de março
Saí cedo depois de comer um breakfastzinho. Logo saindo de Granada, peguei uma estradinha secundária que mais pra frente ia se juntar com a Interamericana. Nos primeiros 20 km tive que ir a 10 por hora porque tinha só um pouco de asfalto naquele buracos, e minha moto,com equipamento, pesando quase 1000 pounds, ou 454 kg, não ia ficar muito feliz se eu corresse. E a possibilidade de um pneu furado não me apetecia muito, especialmente com a temperatura batendo os 40 graus… puta lugarzinho quente! Se alguém resolver visitar Granada, recomendo muito pouca roupa! Mas, vale a pena, é muito bonito e calmo, cheio de barzinhos. Há muitos passeios a se fazer pelas Isletas, ou ilhotas, de lancha. Custam em torno de 8 dólares e duram cerca de 3 horas. Também há a opção de ir pra outras duas ilhas maiores. Em uma delas, chamada OMETEPE, minhas amigas alemãs estiveram na última semana, e as fotos mostram um lugarejozinho bem simpático, onde se pode fazer a escalada do vulcão. Eu não estava a fim de ir, pois, ia ser muito trampo por causa da moto também.



San Juan
Del Sur

De Granada a San Juan Del Sur é bem perto, gastei mais ou menos uma hora e meia, apesar dos 20 km horrorosos. Viagem boa e cheguei a San Juan às 10 da matina.O sol tava pegando, mas tinha que procurar por hospedagem estava tudo relativamente caro por causa da Semana Santa. Aliás, bem caro! Sentei-me num barzinho de praia, tomei um suco e comi um peixinho. A moeda local se chama CORDOBA e a taxa de cambio e US$1 para C$18. Depois resolvi ver o que tinha nas praias adjacentes, onde é que o surf rola etc. Peguei uma estradinha de terra, cheia de cascalho e muito estreita em partes e, 10km depois, vi a primeira plaquinha: PLAYA MARSELLE. Entrei e só havia um caminhozinho que acabava na praia, alguns casebres, um butiquim ... até que me deparei com um hotel lindo! Pensei: Putz, vou ver, mas sei que vai ser uma fortuna... e, pra minha surpresa (ótimo!), estava mais barato do que na cidade, de frente pro mar, a 2km da PLAYA MADERA, onde tem surf bom. (Vejam as fotos).

Hotel Marselles
















Chequei meu mail no lobby do hotel e havia um e-mail da HEIDI falando que elas estavam saindo de Ometepe e que estavam a caminho daqui. Deixei minhas coisas e retornei à cidade para esperar o ônibus de RIVAS. Às 3:30h chegam Heide, Betina e uma holandesa que conheceram na ilha, gente finíssima também, que está viajando sozinha há 4 meses. Conversamos e acabamos ficando, todos os quatro por aqui, num quarto maior. Muito ! E a vista é inacreditável.

Depois de nos banharmos (como se diz am São Luís do Maranhão...) fomos a uma biboquinha na estradinha em frente ao hotel. Quando digo “biboquinha”é isso mesmo; era um barracãozinho... Lá, um senhor, bêbado que só ele, e uma senhora eram donos. Meia dúzia de locais tomava cerveja quente (sei porque pedi uma e tava fervendo) e escutava uma musica sertaneja nicaraguense. Ela ofereceu pra fazer um pescado, foi lá dentro, trouxe três peixões. E foi isso mesmo, acompanhado de arrozinho branco, feijão e tortillas; foi uma ótima refeição. Comemos até, demos os restos pros seis cães, incluindo dois fiolhotinhos, que nos rodeavam e não tiravam os olhos da mesa. Depois de pagar um montante equivalente a 20 dólares pelo jantar e todas as bebidas, retornamos ao hotel so chilling e contando histórias.

Dia 31




Manouk e
Betina









Acordamos cedo e, com vista pro mar, escutando as ondas lá de longe, tomamos um café da manhã beleza e pegamos uma carona com o gerente pra cidade. Daí vocês já sabem, né? Mulher sempre tem que comprar alguma coisa, senão não é mulher. Fui ao banco trocar uns dólares e fiquei tirando fotografias enquanto iam comprar biquinis, o que acabou incluindo também brincos e um par de óculos baratos. Quem comprou foi a MANOUK, a holandesa. São os óculos mais FUNKS que eu já vi, parecem óculos de filmes intergaláticos de terceira categoria.



Heidi


Manouk

Bom… trocentas horas depois, quase uma da tarde, entramos no mercadinho municipal onde comemos salada de frutas e saímos a procurar transporte de volta a Marselle pra poder ir a praia. Arrumamos uma carona com dois surfistas, um chileno e um argentino, que estão aqui só para pegar umas ondas. Hotel, troca de roupa, e um funcionário ofereceu pra levar-nos à Madeira…sem objeção! Puta, que praia linda! As ondas são altas, mas, os swels vão estar grandes mesmo só na segunda-feira. O pessoal do hotel emprestou body boards e uma short board 6’2” e as meninas se divertiram na água com a pranchinha. Eu peguei umas ondas, levei uns caldos e depois fomos pra areia onde, sob uma árvore, encostados em um tronco de madeira, ficamos de papo e de palhaçada até esperar o pôr do sol. E que pôr do sol!! O bicho! Seqüência de fotos a seguir.

*As fotos não vieram (bem como outras). Vou falar com meu irmão e coloco-as depois; ass. Ivan)

Na volta pegamos carona com um Irlandês, o Edward, muito doido, que veio aqui pra San Juan del Sur há 6 meses e por aqui ficou. Até casa já comprou e ta só de bobeira e surfando. (Quem pode pode!) Banho e saímos, Betina e eu, na moto pra ir a cidade comprar um ranguinho e ela tinha que ir à farmácia (Girl’s things, I think). Pedimos pizzas eá enquanto aguardávamos, dois americanos chegaram pra perguntar da moto, e o que eu estava fazendo etc e tal. Um deles saiu dos EUA há três anos, viajou para toda a America do Sul ate o Ushuaia e, na volta passou por San Juan e aqui ficou, até hoje…. Novamente: quem pode, pode!

Ao retornar ao hotel a Heidi e Manouk já estavam verdes de fome; mas valeu a pena: pizza, com gosto de pizza!!!! Nada daquela porcaria que se come na terra do Tio Sam. Agora eu estou aqui, deitado numa redinha, escutando música e escrevendo, enquanto as três doidinhas se divertem tentando jogar Sinuca.. uma comédia... A noite está especialmente bonita e agradável!!! Amanhã é só beach day, domingão, vocês sabem, tem que ir à praia.

Fuiiiii!!!