segunda-feira, 23 de abril de 2007

Dia 16 a 23 de abril

Orquídea em Punta Uva

Dia 16 de abril, noite…

A festa ontem ficou pra outro dia, tava pregadaço, e ficamos só de papo com um grupo de israelitas. Há mais de vinte aqui em “Tranquilo”, um pessoal extrovertido e divertido. As meninas israelitas são muito simpáticas e bonitas ! Mais tarde um pouquinho, chegaram as duas inglesas, gente finíssimas que havia encontrado em Montezuma, a Alexa e a Haley (igual ao cometa...). Aliás, encontrei um montão de gente que já havia encontrado antes, desde a Nicarágua. Parece que a galera faz meio que uma via sacra, passando pelos melhores lugares em cada país, e todos acabam se encontrando novamente. Eu e Haley ficamos montando um castelo de cartas que, por sinal, caiu várias vezes até que conseguimos terminar. “BLOODY HELL”, reclama a Haley, “faltaram cinco cartas pra terminarmos! Tiramos fotos e pratiquei bastante o sotaque inglês… tão bonitinho!


No dia 17, depois daquele cafezinho básico, o programinha de praia. Na parte da tarde retornamos ao hotel onde encontramos o Walter, aquele holandês que havíamos encontrado em Montezuma. Nós nos juntamos a ele e às inglesas e cozinhamos um rango, e por ali mesmo nos quedamos. Já era 11 da noite quando resolvi empacotar as coisas pra sair de madrugadinha, bem cedo, de viagem em direção à costa do Caribe a um lugar chamado Puerto Viejo de Talamanca, a uns 60 km da fronteira com o Panamá. Amanhã, dia 18, é aniversário da Sarah, a Canadense que conhecemos em Montezuma. Ela irá celebrar em Puerto Viejo e resolvemos nos encontrar por lá.

Dia 18, 4:30 da matina.Levantei com o despertador e fui fazer um café. Heidi ainda ficou de bobeira no quarto porque é uma grande “Schlaft Mutzer” ou “Sleepy head” ou Dorminhoca. Amarrei tudo na moto e às 5 e pouquinho pegamos a estrada em direção a Paquera, onde tomaríamos o ferry das 6 para Punta Arenas. Mas, chegando lá, eles haviam cancelado o das seis e tivemos que esperar até as oito, o próximo. Lá mesmo no porto tomei um café da manhã bem reforçado e típico da América Central: Gallo Pinto (uma mistura de arroz com feijão preto bem sequinho), ovos mexidos e torradas.

Sentado na sombra, esperando o horário do ferry, conheci uma galega de Cape Cod, Massachussets, que já estava na Costa Rica há mais de 6 meses e, por isso, sua jornada havia chegado ao fim. O dia estava espetacular e fiquei no lugar mais alto do ferry, só curtindo a paisagem. Aí se aproximou um grupo de cinco tiozinhos do Wyoming e começaram a bater papo comigo. Eram todos motoqueiros, mas nunca se aventuraram pras bandas de cá. Ficaram todo o tempo de duração da viagem fazendo perguntas sobre os países e dificuldades pelas quais passei, porque estão programando retornar com suas motos, no próximo ano. Trocamos endereços de e-mails e tiramos fotos.

Partimos em direcao a San Jose, uma cidade bem grandinha e moderninha em relação às outras trocentas que cruzei na Costa Rica. Mas também não é lá grandes coisas não. Depois de conseguir informação decente para meu destino, achei a estrada Braulio Carillo que vai até Limon, e essa foi a melhor estrada que encontrei por aqui. Apesar de ser simples, tinha pelo menos um acostamentozinho! Putz... muita carreta a 10 km/h e ultrapassagens foram, na maioria das vezes, um pouquinho chatas. Quando chegamos aos limites do Parque Nacional Braulio Carillo….WAW!!!!!!!! uma região de montanhas imensas, cobertas pelas mais densa floresta tropical que há no país. Uma das pessoas a quem pedi informação aconselhou-me a não ficar parando na estrada pra sacar fotos porque era perigoso, pois, os malandros ficam de butuca nos lugares mais bonitos e panorâmicos só pra limpar a turma. Então, acabei não tirando nenhuma foto na estrada. Mas, a paisagem e tão deslumbrante que vocês não fazem idéia. Samambaias tão grandes que - sem exagero – a gente poderia fazer o teto de uma cabana usando só uma meia dúzia de folhas dessas samambaias. (Imagens disponíveis no Google Images… maravilhas da internet!) Infelizmente não vou ter a oportunidade de retornar pra fazer um hike até um hotel no ponto mais alto do parque, onde há um alojamento em se podem alugar redes ou dormir em colchonetes no chão. Segundo o Guia da Discovery (Lonely Planet), os guardas florestais não permitem que se inicie a trilha depois de 10 da manhã porque, em média, leva-se 8 a 10 horas pra alcançar o alojamento, principalmente porque todos os mantimentos e água têm que ir na mochila. Talvez na próxima!!!
Às 5 da tarde,chegamos a Puerto Viejo de Talamanca e fomos ao hotel que Sarah havia nos informado; chama-se Rocking J’S, e pertence a um americano muito doido do Arizona.

































É um lugar em frente ao mar em que se pode abrigar muita gente, tem barracas, redes e alguns poucos quartos. O lugar ta sempre abarrotado de mochileiros e surfistas do mundo inteiro. A decoração é única, vocês vão ver nas fotos que lugarzinho mais doido! Aqui também encontramos mais gente conhecida: duas outras canadenses e um grupo de australianos que anteriormente havíamos encontrado em Motezuma.


Festa, fogueira na areia, violão, cerveja e aí vocês já viram, né? Festa pouca é bobagem! Ahhhhh, detalhe: Sarah mandou um e-mail dizendo que não conseguiriam sair de Dominical e que iríamos perder a festa que aconteceria lá! Tudo beleza, sem grilo!
No dia 19, pela manhã, já acordei e fui dar um pulinho no mar, que fica aqui em frente e é cheio de corais e piscininhas, mas não é muito bom pra nadar.



Depois que a Schlaft Mutzer da Heidi acordou, acabamos nos encontrando no café aqui do lugar e fomos a PUNTA UVA. Ahhh, que coisa linda! Mais uma vez me lembrei de Belize: água transparente, areia branca e muito reggae! Aliás, é só o que se escuta aqui por essas bandas. Aqui e onde a população negra da Costa Rica reside. Na costa do Caribe, ouve-se o “Garifona” e também o “Patwa”. Devo ter passado umas seis horas na água e outras quatro na rede, em frente aquele mundão de água transparente e areia branca.

Dori teria inveja...



















No dia 20, chegamos a um vilarejo mais ao sul ainda, chamado Manzanillo, onde fomos recebidos com muita cortesia pelos locais e resolvemos comer algo.


















Mandioquinha frita e cerveja…. Quando pedi replay na porção de mandioca, putz, tinha acabado a YUCA, mas, o garçonzinho, bem simpático, querendo agradar de todo jeito, me mandou esperar um pouco. Dez, quinze minutos e nada dele aparecer… até que voltou com uma porção de um aperitivo local: “poquitos de Paracones”, que são uns mini-barquetes de PLANTANOS VERDES FRITOS, recheados com diversas iguarias, incluindo peixes, camarões, feijão, queijo, salsicha e outras coisas mais… Delícia!


Após enchermos a pança de leve, tomamos uma trilha até Punta Mano, que é a última praia antes do Panamá. Porém, como já era tarde e não daria pra ir e voltar antes de escurecer, voltamos. Não alcançamos a tal da praia, mas essa trilha foi descrita pelo guia do Lonely Planet como o lugar mais intocado do país. Tirei algumas fotos pra vocês verem. Pela trilha avistamos iguanas diversas, pássaros mil, e um único bicho preguiça que, lá no alto, de costa pra mim, parecia estar congelado. Nas prainhas do caminho nem um sinal de poluição, nem um papelzinho, nem uma bituca de cigarro. Lindíssimo e selvagem! Água de coco não falta, é só conseguir derrubar os danados! Valeu a pena!




Hoje já é domingo, dia 22, (Domingão!) e os últimos três dias foram quase um replay dos anteriores; praia, sol, água, frutas e muito papo com muita gente que ainda nem sei o nome. Aqui no Rocking J’s é um ótimo lugar pra se encontrar pessoas: durante a noite tem fogueira (feita pelos funcionários...) e uma cantinazinha que ta sempre cheia, todas as noites, onde o som come solto.














A VIDA TA DIFICIL… TO COM UMA VONTADE DE TRABALHAR QUE NAO IMAGINAM! Como dizia meu amigo Arturo na Guatemala… “Às vezes me bate um sentimento de irresponsabilidade que me faz sentir tão bemmmmm!!!” Hehehehe!
Ontem, sábado à noite, eu e Heidi fomos achar algo pra comer e o dono de um restaurante “internacional”, o Andrew, nos disse que hoje seria o último dia de funcionamento do restaurante na temporada e, por isso, o bufet seria com tudo que eles tivessem…Ai que fome!!! Nós nos reunimos com dois ingleses, a Charlotte e o David, e fomos lá comer. A Charlotte e o David são primos e compraram aquela passagem aérea com que se pode dar volta ao mundo com quatro paradas por continente. Estiveram já na Tailândia e tudo mais. Amaram lá e disseram que até se sentiram mal por ser tudo tão barato. Contaram que faziam refeições à base de lagosta, camarões e peixe todos os dias, e o preço médio que pagavam era em torno de 1 (UN, UM, UNO, ONE...) euro por refeição!! BARAAAAATO!! Bom, voltando ao assunto: O restaurante tava lotadaço e nos puseram numa mesinha lá no fundo, em um jardim onde havia uma meia dúzia de mesas, todas lotadas. Fui me servir e na volta tem-se que passar por um corredorzinho escuro que tem um degrauzinho de mais ou menos uns 10 cm de altura… adivinha o que aconteceu? Bom de prato cheio na mão, chutei o desgraçado com toda a força… AAAAAIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!! Foi tão forte a batida e a dor foi tanta que achei que havia quebrado o dedão! E tome gelo no pé!


Tive que esperar uns 10 minutos antes que conseguisse comer algo, mas, assim que tive condições… COME, COME, COME... pra esquecer a dor. Exxxxcelente, tinha rango de todo tipo: comida típica caribenha, tailandesa, árabe etc. Saí de lá triste de tanto comer. Voltamos ao hotel e às 9:30h já estávamos todos fazendo meia noite. Vou voltar a escrever somente de Bocas Del Toro, uma ilha no Caribe Panamenho. Amanhã cedinho Heidi retorna pra Guatemala porque tem que encontrar a Bettina e tomar o avião de volta para Alemanha, e eu me vou mais uma vez solo. Vou sentir falta dessa maluquinha! O lado bom e que já tenho lugar pra dormir em dois lugares diferentes da Alemanha..hehehe!!! Fuiiiiii

Segundona, dia 23, acordamos às 5 da matina, pois ia levar a Heidi ao “centro” onde pegaria o ônibus de retorno a San Jose. Ficamos ali de papo até que o ônibus chegou, em cima da hora. Tiramos umas fotos e nos despedimos; Heidi chora de lá e me emociono também. “ Girl, you are a sweetheart, and I hope to see you soon, I’ll miss my travel companion, crazy, wonderful girl you are!!”
O ônibus ficou parado no ponto mais ou menos uns 50 segundos, só o suficiente pra galerinha subir e já se foi! É estranho o sentimento da possibilidade não se ver mais as pessoas que conhecemos e a quem nos apegamos... ou as vermos em um tempo muito distante... na grande maioria dos casos, as chances de reencontro são pequenas e isso me deixou um pouquinho introspectivo e triste. Mas, a vida é assim mesmo, né? Tudo depende de hora e lugar.
Retornei ao hotel e tirei uma soneca porque ainda eram 5:45 da matina. Ao acordar fui arrumar toda minha tralha... AI, QUE CONFUSAO! Depois de conseguir amarrar tudo na moto, tomei um café ali mesmo no restaurante e saí atrás de combustível. O computador de bordo me dizia que havia gasolina suficiente pra rodar 40 milhas, ou seja, mais ou menos 60 km. Bom, em Puerto Viejo não tem posto de gasolina e o mais próximo era a mais ou menos uns 50 km na direção oposta à que eu precisava ir. Mas, me indicaram uma casa na cidade que vendia gasolina… LONG STORY SHORT: rodei um tempão tentando achar o lugar e, quando o encontrei… só havia um galão de combustível, mais ou menos 3,4 litros. Mandei ver! Aí já era quase meio-dia e, ao retornar ao Rocking J’s, o Eric (um dos sócios) me recomendou esperar até o outro dia porque já estava um pouquinho tarde pra tentar ir ao arquipélago de BOCAS DEL TORO. Fiquei por ali mesmo, nadei um “cadim” e, mais à noite, reuni com um grupo de australianos e neozelandeses e ficamos de papo até altas horas. Boa noite! Ou melhor: “PURA VIDA”! É, aqui na Costa Rica não se diz tchau, hasta la vista, ou qualquer outra coisa, se diz Pura Vida, o que é um tipo de “Axe”, “Aloha” ou qualquer coisa assim.Então, PURA VIDA pra vocês!!!